Perante uma casa com três quartos da lotação permitida, anunciou-se uma noturna em Olivenza, aposta ganha dado o calor que se fez sentir durante a tarde e princípio de noite naquela povoação que liga dois dos mais taurinos países do mundo: Portugal e Espanha.
Curro de touros de Nuñez del Cuvillo, com apresentação coincidente com os critérios de exigência da praça. Quanto ao comportamento, deixaram-se lidar, não acrescentando nada ao espetáculo em termos de bravura, obrigando a que os toureiros tivessem que por tudo o que os touros não puseram. Mas a verdade é que não complicaram em demasia o labor dos toureiros, à exceção do último da corrida, talvez o pior do curro.
Ferrera, a jogar em casa, pôs tudo de si nesta tarde numa terra que o acolheu como se dali fosse natural. Enfrentou-se com um primeiro, talvez o mais potável de todo o curro, e lidou-o de boa forma, faltando talvez um melhor entendimento das distâncias requeridas pelo oponente. Rematou com uma estocada inteira que lhe valeu uma orelha. No seu segundo, andou inspirado, levando a efeito uma prestação de alto nível, marcada pelo improviso e pelo mando que impôs em cada série. Matou, de forma original, muito “à Ferrera”, de largo e a consentir que o toiro arranque no momento certo, enterrando a espada, caindo o toiro rapidamente. Cortou duas orelhas, somando um total de três numa tarde de triunfo.
Morante de la Puebla andou por cima de ambos os toiros do seu lote, destapando virtudes que os toiros pareciam não ter. O seu primeiro, justo de forças, dificultou-lhe o labor, mas, ainda assim, o toureiro de La Puebla andou com mando e tirou lide de onde parecia não ser possível. A lide foi a menos tal como as condições do oponente. Matou ao segundo intento e foi ovacionado. No quinto Morante entregou-se verdadeiramente e procurou triunfo em todas as séries. Lide com o verdadeiro selo de Morante, classe e estética em todos os muletazos, com uma naturalidade soberba, muito por cima do oponente. Lide completa rematada com uma estocada inteira fulminante. Cortou as duas orelhas.
Ginés Marin não foi bafejado pela sorte. Em primeiro lugar, saiu-lhe um toiro cumpridor que se deixou lidar e o jovem Extremenho sacou-lhe tudo o que podia e levou a efeito uma faena ligada e com ritmo. Rematou de boa forma e cortou uma orelha com fortíssima petição da segunda. O seu segundo, o pior da corrida, pediu créditos ao matador. A lide decorreu em bom ritmo, conseguindo o jovem dar a volta ao oponente. Vacilou com a espada e foi ovacionado.
No final, Ferrera saiu a ombros, tendo Morante abdicado do direito que também tinha de sair a ombros, e saiu a pé, debaixo de enorme ovação, junto a Ginés Marin.