Esta tarde 1 de Fevereiro do ano 23 começou uma nova temporada e novamente a praça de toiros de Mourão foi o palco do acontecimento! Uma peregrinação de aficionados rumou até à bonita e centenária Libânio Esquível. Mourão rompeu novamente o fogo, animou e aqueceu as almas dos aficionados deste Inverno gelado. O cartel que Joaquim Grave programou para a primeira de Feira em Honra da Senhora das Candeias tinha odores a juventude, a oportunidade, a desafio de quem quer ser alguém neste mundo do toiro.
A cantera do Toureio Iberico pisou a arena, cavaleiros praticantes e amadores e novilheiros de primeira linha deram-nos uma grande tarde de toiros, tudo isto perante uma grande entrada nas bancadas, uma praça cheia.
Foram lidados seis bonitos e bem apresentados novilhos da ganadaria de António Raul Brito Paes. Quanto ao comportamento destaque para três de nota elevada. Bravo e encastado o primeiro; nobre e de super classe o segundo; mansote o terceiro; a vir a mais o interessante quarto, dando volta ao ruedo o ganadero no fim da sua lide; A médias alturas cumpriu o salpicado quinto; O que fechou a tarde ficou curto e acabou por não romper.
Com grande elegância e personalidade, Diogo Oliveira foi o encarregue de ser o primeiro cavaleiro a lidar um novilho em Portugal nesta temporada de 23, o Diogo tem a raça e jovialidade de quem começa e tem tudo para ser alguém no toureio a cavalo. No primeiro deste Festival em honra da Senhora das Candeias cravou os compridos a perceito. Nos curtos a lide teve intensidade, aproveitou o calor das acometidas do oponente, destaque para a boa brega. Os ferros tiveram irreverência e de nota foram o primeiro, notável o segundo, fechando a lide com um bom curto.
Tristão Ribeiro Telles Guedes de Queiroz, tornou-se um dos principais nomes das fileiras dos jovens cavaleiros praticantes. Tem feito furor entre os amantes da arte Marialva, pois a plasticidade dos seus cavalos, a elegância e a projeção que possui o seu toureio têm sido dignos de registo. Esta tarde em Mourão voltou a mostrar isso tudo. Dois bons compridos a abrir, bem a lidar! Nos curtos aproveitou as qualidades do bravo novilho, executando uma série de curtos de elevada nota. Notáveis o terceiro e o quarto curtos.
Francisco Maldonado Cortes é um dos cavaleiros mais jovens do baralho atual. Tem ousadia, bom conceito de lide, crava com decisão e expõe ao máximo fazendo disso as principais virtudes do seu toureio e essa mistura de formas coloca-o como o mais promissor de entre os seus pares. Hoje na Libânio Esquível teve uma lide de menos a muito mais! Os compridos foram regulares… os dois primeiros curtos foram cravados com eficácia. Mas depois veio o bom toureio a cavalo! O sesgo a desenganar, o de frente a entrar em terrenos de compromisso e o palmo a rematar, um fim de lide de encher o olho. Destaque maior para um importante ferro a sesgo coroado com um bonito remate por dentro em terrenos apertados.
Diogo Peseiro leva um par de temporadas importantes como novilheiro com picadores, com actuações notáveis e algumas faenas que deixaram quem o viu com bom sabor de boca, tudo apontando para que este ano possa dar o salto para o doutoramento. Abriu a função das lides a pé, recebeu à verónica e chiquelinas, templando a investida do novilho com um esplêndido jogo de braços e mãos; interpretou o quite por tafalleras com com graça toureira. Soberbo e variado em bandarilhas, de poder a poder, um em sorte de cambio, fechando al violin. Faena de muito querer, empatia com o público e muita técnica, espremeu tudo ao novilho “empurrando-o” para frente com sua poderosa muleta, até executar séries completas de passes em redondo a um Brito Paes nobre a obedecer aos toques e finalizar as viagens. Foi buscar sempre o oponente à saída dos muletazos, procurando que não deixasse de ter sempre muleta por diante. Desenhou os passes com limpeza de traço tanto pela direita como ao natural, estando impecável nos remates de peito.
Eric Olivera é um novilheiro que tem umas formas de executar e expressar o seu toureio diferentes dos demais. Sensibilidade, improviso, suavidade e temple são alguns dos conceitos e hoje ficaram bem demonstrados nesta Vila Alentejana diante do quinto da tarde. Desenhou um ramilhete de verónicas de notável acerto e temple, acoplando-se às investidas do novilho. Um par de tandas por ambas as mãos, evidenciaram a clarividência e empaque deste toureiro, que começou a despertar o interesse do público num novilho que apresentou poucas opções. Os naturais foram limpos, e os de peito, profundos e bonitos. Pela direita alguns dos passes exibiram temple e mando, quietude e ajuste, rematando as séries com passes de peito de piton a rabo.
Gonçalo Alves tem um conceito clássico e puro do toureio, gosta de se encaixar com os novilhos fazendo o seu toureio com muito empaque e torería. Leva sempre os oponentes muito cosidos à muleta, baixando a mão e levando-os largos. Esteve bem no tercio de bandarilhas, correcto e solvente. No que fechou a tarde a faena de muleta teve momentos interessantes diante das dificuldades apresentadas pelo novilho. Executou boas tandas deixando-se ver, estudando os terrenos e as distâncias, correndo a mão direita de forma serena e templada. Séries de ofício pela direita, naturais impecáveis, remates vistosos, além dos de peito sacando los flecos de la tela por la penca del rabo del toro.
Bateram as palmas aos novilhos destinados às lides a cavalo os Amadores de Monsaraz…
César Ferreira, sendo dobrado por Miguel Valadas, sendo consumada a pega pelo grupo á terceira tentativa.
João Ramalho à primeira tentativa numa boa pega.
Fechou praça João Canete também numa boa sorte ao primeiro intento.
Quis a organização deste Festival, na pessoa do Dr. Joaquim Grave homenagear o grande aficionado Mouranense Manuel Ralo, sendo aplaudido de forma calorosa pelos presentes. Justa homenagem!
Foi guardado um minuto de silêncio no início do Festival em memória do matador de toiros Francisco Mendes que faleceu recentemente.
Dirigiu a corrida Agostinho Borges, sendo o médico veterinário Carlos Santana.