A dois dias do «grande dia» de Verónica Cabaço, fomos assistir aos últimos treinos e preparativos para a sua alternativa.
Estivemos com ela em casa de Filipe Gonçalves que será o padrinho de alternativa nesta corrida que marca uma carreira que começou em 2008.
Volvidos oito anos desde que prestou provas como cavaleira praticante a 7 de julho de 2010, a jovem natural de Samora Correia, contou-nos que acha que este é o momento certo para dar o passo.
«A temporada passada foi muito boa, toureei dez ou onze corridas, todas em Portugal e senti-me muito bem. Em Aldeia da Luz, por exemplo, toureei um toiro de Prudêncio e ganhei o prémio para a melhor lide».
Esta temporada de 2018 tem continuado a correr de feição e dá como exemplo os dois toiros da divisa de Veiga Teixeira que toureou em Estremoz e no Campo Pequeno e que lhe pediram contas.
A cavaleira de 27 anos de idade contou-nos que vive cem por cento dedicada ao toureio e que os seus dias são passados na sua quinta em Foros de Salvaterra, a treinar e a montar de sol a sol.
Para a corrida da alternativa, inserida na tradicionalíssima feira da Moita, Verónica Cabaço vai levar sete cavalos de confiança da sua quadra: Cacau (ferro Herdade da Torre), Camacho (sem ferro), Coimbra (ferro Assunção Coimbra), Ajax (ferro Rio Frio), Cossaco (ferro João Anão), Raposo (ferro Herdade da Raposa) e Patinho (sem ferro).
Tudo preparado para o treino e já com ambos a cavalo, escapou-se a primeira vaca por entre uma porta mal fechada do tentadero.
«Que peripécia!» ri a cavaleira praticante, enquanto segue a cavalo com os outros para o campo.
O momento de descontração levou-nos a perguntar qual foi, afinal, o momento mais engraçado da sua carreira.
Rindo e corando contou «Toureei uma vez na Figueira da Foz na Queima das Fitas. Um rapaz, certamente já tinha bebido mais do que devia – gritava pelo meu nome desde o princípio ao fim da lide. No fim quando saí para a volta à arena atirou-me as calças” Ri envergonhada e acrescenta «Agora já me dá graça mas na altura fiquei tão assustada que tive que sair escondida atrás do meu pai e rodeada de pessoas porque o rapaz só me queria tocar e falar comigo».
Apesar da descontração, a cavaleira vai-nos dizendo que a alternativa é uma grande responsabilidade.
«Fiz mesmo questão e pedi muito ao senhor Rafael Vilhais para que me ajudasse e fosse o Filipe Gonçalves o meu padrinho» diz-nos a cavaleira visivelmente emocionada «o Filipe tem sido sempre um verdadeiro amigo e tem-me ajudado sempre».
Depois de um início muito auspicioso, acompanhada pelo seu pai e pelo então apoderado Armando Jorge Teixeira, a cavaleira teve alguns momentos de maiores dificuldades.
Apoderada agora por João Anão e acompanhada pelos bandarilheiros Domingues Prates e o praticante Francisco Marques, Verónica Cabaço firmará na história da tauromaquia a sua alternativa em 14/09/2018 em Moita do Ribatejo.