E Vila Boim valeu a pena? Valeu sim senhor!

Algo vai bem quando os boletins meteorológicos dão chuva e mesmo assim a bancada enche.

Sem falhar um minuto às previsões, as primeiras pingas começaram a cair quando o espectáculo ia a meio mas nem por isso se arredou pé: Vila Boim passa com distinção na afición.

Homenageado esta tarde, João Moura começou a tarde frente a um exemplar de Romão Tenório. O novilho deu bom jogo, alegre nas reuniões e a perseguir a montada, foi a medida certa ao maestro, que andou a gosto. Abriu praça metendo de imediato o público no espectáculo.

José Maria Cortes Pena Monteiro dos Amadores de Montemor fechou-se com decisão realizando uma boa pega ao primeiro intento.

Ana Batista andou em plano lidador. Embora sem a mão certeira, esteve francamente bem, sobressaindo na brega a colocar em sorte o oponente de Passanha, que para além de ser tardo na investida também arreava na reunião.

Estas características vieram a dificultar também a pega de Rui Bento dos Amadores de Évora que só à quinta tentativa e com o grupo carregado conseguiu consumar.

António Prates mostrou ganas de triunfo. Comunicativo, alegre e a pôr a carne no assador, aproveitou cada minuto da lide para mostrar os recursos e bastante intuição para o espectáculo.

Numa pega mista entre os dois grupos actuantes foi à cara Pedro Santos dos Amadores de Montemor, que aguentou violentos derrotes, sendo desfeiteado junto às tábuas na primeira tentativa. Voltou a citar com decisão e mais uma vez aguentou fortes derrotes consumando uma grande pega à segunda tentativa.

Eduardo Dávila Miura, que há uma semana cortou duas orelhas na Maestranza de Sevilha, deu igual importância ao ruedo de Vila Boim. Desenhando uma faena repleta de arte frente a um bravo e encastado novilho de Calejo Pires. Aproveitando o novilho por ambos os pitons, arrancou a primeira grande ovação da tarde.

Juan Leal frente a um rematado novilho de Passanha arriscou sacando tandas plenas de técnica a um oponente que cedo se fechou em tábuas. Apenas os adornos “tremendistas” permitiram que chegasse ao público.

Manuel Dias Gomes foi quem mais se destacou no extraordinário tércio de capote.  Na muleta concretizou uma faena cheia de classe e de estética frente a um novilho de ferro Sociedade das Silveiras que cumpriu bem embora escasso de forças.

Manuel Perera fechou a tarde com chave de ouro. Tocou-lhe em sorte um novilho fora de série da ganadaria de Manuel Veiga. Bravo e repetidor, não via nada além da flanela, o que permitiu ao jovem diestro recriar-se com todo o seu variado reportório na muleta.

Não fosse a chuva e a hora tardia e este exemplar teria permitido continuar a faena pela noite fora. Volta muito aplaudida para toureiro e ganadero.

Posto isto, mesmo com chuva e vento frio, Vila Boim valeu a pena? Valeu sim senhor!

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