Crónica 1ª da Moita: “Nem quente nem fria, morna.”

Praça de touros Daniel do Nascimento, Moita do Ribatejo

1.ª de Feira

Luis Rouxinol

Luis Rouxinol Jr.

Sebastián Castella

Joaquim Ribeiro Cuqui

Grupo de Forcados Amadores da Moita, Cabo Pedro Raposo

Touros de Palha (para cavalo), Paulo Caetano (para pé).

Direção discreta e correta de Manuel Gama.

 

Arranque morno da principal feira taurina do país. Meia casa fraca em tarde solarenga, sem calor e ainda não com frio.

Touros de Palha, o primeiro com o ferro titular e o segundo, quarto da ordem, com o ferro de Oliveira e Irmãos, bem feitos, harmónicos, colaboradores, o primeiro parecia rachar-se mas veio a mais ao longo da lide e permitiu a Rouxinol uma lide completa, bem estruturada e rematada com o tradicional par de bandarilhas e ferro de palmo.

O quarto, um touro muito bem feito, perfeito de hechuras, com um problema de visão que o fazia adiantar o piton direito nas reuniões, foi muito bem lidado por Rouxinol Jr., construiu uma faena assente na boa escolha de terrenos para ferragem, ferros com emoção e transmissão para as bancadas. Para pôr um “senão” na sua atuação, apenas as duas voltas à arena enquanto o touro ainda está em praça e já durante a preparação para a pega.

Os Forcados Amadores da Moita pegaram o primeiro touro à primeira tentativa, através de Fábio Silva, correto e vistoso no cite, reunião e fecho da pega, com o grupo a entrar atempadamente e eficaz. Volta para Rouxinol e Silva.

O segundo, quarto da ordem, foi pegado por Luis Lourenço, à segunda, um touro que se arrancou pronto e com pata, na primeira seria uma bela pega, com o touro com a cara por cima, pena que o forcado não se tenha fechado nas melhores condições e que o primeiro ajuda não tenha entrado ligeiramente mais cedo, na segunda o touro saiu com a mesma alegria, e o grupo já conseguiu consumar a pega. Volta para Rouxinol Jr. e Lourenço.

Na parte apeada foi uma tarde marcada por muita entrega, disposição e respeito pelo público, perante touros de Paulo Caetano, nobres no geral, rachados e muito desiguais de hechuras.

Castella teve uma tarde de toureio pausado, lento, toureando para os touros, entendendo as suas fraquezas e debilidades, crenças e altura da muleta, não desistiu dos oponentes e pôs-lhe investidas que pareciam não ter, logo de capote mostrou as suas intenções de agradar o público, toureio ao ralenti. Com a muleta viram-se derechazos lentos, a meia altura, pelas meias investidas dos touros, sem ajuda da muleta armada, os touros tinham menos recorrido pelo lado esquerdo.

Pena que os touros tivessem transmitido pouco, mais transmitiu Castella, no primeiro e acertadamente não se fez à volta e o público também não a reclamou, no segundo deu a merecida volta pela entrega e disposição. Não veio para cumprir contrato e calendário, veio para tourear.

O toureiro da terra, Joaquim Ribeiro Cuqui, teve uma atuação muito merecedora de melhor e mais atenção por parte das empresas, não se lhe notou em demasia a falta de toureio e a pouca rodagem, tocaram-lhe dois touros complicaditos, um primeiro que exigia muita colocação e firmeza, à qual Cuqui respondeu, melhor pelo lado esquerdo, num animal que se pegava muito e aviolentava no final de muletazo, Cuqui esteve muito bem com ele, tranquilo, sem passar mal e com reconhecimento do público. Volta para o toureiro.

O último da tarde tinha mais teclas para tocar, bonitos lances de receção de verónica, rematados com toureio a uma mão, de capote solto, muito toureiros, na muleta pedia muletazos profundos e largos, para o que o touro ficasse colocado longe, porque repunha muito e ficava-lhe debaixo do braço, com investidas bruscas, exigindo a Cuqui maior mobilidade e recolocação, animal complicado que não fez Joaquim Ribeiro perder os papéis, esteve por cima dele e o público soube ver e reconhecer as dificuldades. Volta para Cuqui.

Mais uma vez ficou patente o profissionalismo, dedicação, torería e tranquilidade dos bandarilheiros portugueses João Ferreira, Cláudio Miguel e Fábio Machado. Merecem e tem lugar no circuito de feiras de primeira linha do toureio.

A corrida foi como o dia, morna, teve pormenores mas não chegou a aquecer nem a arrefecer.

 

 

 

 

 

foto: Sandra Costa Ramos

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