Confronto de Dinastias

A crónica da Corrida de Gala à Antiga Portuguesa de ontem em Coruche, da autoria de João Galamba.

Como já vem sendo seu timbre a empresa “De Caras Tauromaquia”, levou a efeito, fora de qualquer data tradicional e em tempo de Campeonato do Mundo de Futebol, uma corrida de toiros, de Gala à Antiga Portuguesa, cujo principal atrativo era o confronto entre as casas Moura e Telles, representadas respectivamente por João António Moura e seu filho Miguel Moura e António Ribeiro Telles e seu sobrinho Manuel Telles Bastos, frente a quatro exemplares de David Ribeiro Telles e dois de Vale Sorraia. Completavam o cartel os Grupos de Forcados Amadores de S. Manços e Coruche, capitaneados, respectivamente por João Fortunato e José Macedo Tomás.

Anunciada para as 22 horas de sábado 7 de Julho, a corrida de Gala à Antiga Portuguesa, teve inicio à hora marcada, com o tauródromo Sorraiano, a registar uma excelente entrada, que preencheu mais de três quartos da lotação, para presenciar o cortejo evocativo do século XXVIII, que substituiu as cortesias tradicionais.

A ordem de lide, ditou que na primeira parte fossem lidados os quatro toiros de David Ribeiro Telles, a solo e após o intervalo, as lides dos dois Vale do Sorraia a duo.

Quanto à apresentação, irrepreensível, no que toca ao comportamento, potáveis os de David Ribeiro Telles, mansos e complicados os Vale do Sorraia.

João Moura, que foi homenageado, no inicio da corrida, pela comemoração dos 40 anos de alternativa, esteve diligente na execução das sortes, procurando o toureio frontal, conseguindo ferros de belo efeito, ao som de música, terminou com um ferro de palmo, bastante ovacionado. Deu volta no final.

Em segundo lugar, saiu António Ribeiro Telles, perante um público que lhe é fiel, o ginete da Torrinha, não defraudou e avançou para o adversário com tudo. Deixou os dois compridos da ordem e já com as bandarilhas e ao som da música, desenvolveu toda uma lide de poder e querer. No final, por decisão do senhor Diretor de Corrida,  foi premiado com volta à arena na companhia dos representantes da Ganadaria, seus irmão João e Manuel Ribeiro Telles.

Para dar lide ao terceiro da ordem, saiu o outro representante da Dinastia Telles, Manuel Telles Bastos, que teve uma entrada fulgurante, com um comprido a abrir, seguida de mais duas boas tiras. Com a ferragem curta, a lide subiu de tom e ao som dos acordes da Banda da Sociedade de Instrução Coruchense, deixou seis ferros de grande classe, pisando terrenos de compromisso, que lhe valeram alguns toques. No final deu volta.

A fechar a primeira parte do espetáculo o mais novo dos Mouras, o Miguel, em dia de aniversário, não foi feliz com o que lhe coube em sorte, andou um pouco nervoso, falhou alguns ferros e só no final descobriu os terrenos certos, por isso foram de excelência os dois últimos ferros, mas não o suficiente para convencer o Diretor de Corrida a autorizar a volta ao ruedo.

Após o fastidioso intervalo, abriu a segunda parte do espetáculo com a lide a duo, da família Moura, que perante um Vale Sorraia, pouco colaborante, lá foram resolvendo a papeleta, denotando alguma falta de entrosamento, todavia, conseguindo ferros de belo efeito. No final volta a arena como prémio.

A corrida terminou com a lide a duo de António e seu sobrinho Manuel e foi de facto, uma única lide, em que as dificuldades do Vale Sorraia, foram tapadas pela ligação e pelo entendimento dos ginetes da Torrinha, que ao som de música, foram bregando e cravando, sem atropelos e de forma harmoniosa, fazendo lembrar tempos de outrora em que João e António, davam lições de antologia. No final volta merecida e ida aos médios, como prémio do labor desenvolvido.

Igualmente em saudável confronto estavam as jaquetas alentejanas dos Amadores de S. Manços e as ribatejanas de Coruche. Por S. Manços, foram solistas Rui Pelado, Pedro Fonseca e o cabo João Fortunato, todos ao primeiro intento, embora nem sempre as reuniões fossem as mais corretas, todavia a eficácia das ajudas, contribuiu decisivamente para a consumação das sortes. Todos os forcados deram volta à arena, tendo o cabo João Fortunato, dado uma segunda volta a pedido do público e autorizada pelo Diretor de Corrida.

Pelos Amadores de Coruche, foram à cara Fábio Casinhas, à segunda tentativa, bem ajudado pelo primeiro ajuda Fernando Ferreira. O segundo toiro dos ribatejanos foi pegado pelo forcado Roberto Graça ao terceiro intento já com ajudas carregadas e fechou a participação dos rapazes de Coruche, João Prates Ferreira à primeira tentativa, com o toiro a fugir ao grupo, contudo a eficácia de “duas batotas”, ajudaram a consumar mais uma rija pega, que já vem sendo apanágio deste jovem forcado. No final das pegas apenas Fábio Casinhas e João Prates Ferreira, deram volta tendo João Ferreira dado também uma segunda volta a pedido do público e autorizada pelo Diretor de Corrida.

Em jeito de balanço final e como estamos em tempo de Mundial de Futebol, diria que o resultado, foi favorável à Casa Telles, todavia, resolvido após prolongamento e marcação de grandes penalidades.

Dirigiu a função o senhor Diretor de Corrida João Cantinho, coadjuvado pelo médico veterinário Dr. José Luís Cruz e abrilhantada pela Banda da Sociedade de Instrução Coruchense, note-se que foi respeitado um minuto de silêncio em memória do ganadeiro e fundador da Monumental do Sorraia, João Coelho Capaz, recentemente falecido.

Artigos Similares

Destaques