Concurso de Ganadarias de Arruda dos Vinhos: Faltou a bravura

Arruda dos Vinhos – XXI Concurso de Ganadarias, 16 de Agosto de 2018

3 Cavaleiros:

António Ribeiro Telles

Francisco Palha

Luis Rouxinol Jr.

3 Grupos de Forcados:

G.F.A.T.T. Montijo

G.F.A. Azambuja

G.F.A. Arruda dos Vinhos

Ganadarias:

Fernandes de Castro  |  Varela Crujo  |  Santa Maria  |  Falé Filipe  |  Santiago  |  Passanha Sobral  

 

As noites de verão pedem toiros e o público tem respondido positivamente às corridas de toiros dados por esse país fora nos últimos dias, com muito público e alguns espetáculos esgotados.

Esta noite Arruda dos Vinhos não foi exceção, apresentando também casa cheia no tradicional Concurso de Ganadarias por ocasião das Festas em Honra de Nossa Senhora da Salvação.

António Ribeiro Telles abriu praça frente ao toiro de Santiago. Peso estimado de 490kg, castanho, algo escorrido, tinha pouca apresentação para concurso e foi um toiro sem chama, que perseguia o cavalo com pouca emoção e se adiantava um pouco na viagem. O cavaleiro teve algumas passagens em falso e curtos regulares, mas sem conseguir reuniões com a emoção a que nos habituou ao longo da sua brilhante carreira.

O seu segundo toiro, um Passanha Sobral com 590kg e uma soberba apresentação, foi um manso total. Desde cedo se encostou em tábuas e de lá não saiu mais. António Ribeiro Telles tentou a muito custo cravar a ferragem, deixando 3 curtos com muito esforço. O cavaleiro da Torrinha teve uma noite para esquecer.

Francisco Palha voltou a mostrar esta noite que está a realizar uma temporada muito boa. O seu primeiro toiro foi um Falé Filipe bem rematado com 550kg. Teve durante toda a lide um comportamento reservado, ganhando sentido ao longo da lide, mas o cavaleiro conseguiu cravar bons curtos, numa lide que chegou ao público tanto pela colocação dos ferros como pela forma com que rematou as sortes.

A sua 2ª lide frente ao Santa Maria teve igualmente bons ferros. Mais um toiro a revelar mansidão, piorando com o decorrer da lide, sendo novamente o mérito do cavaleiro, que pisou terrenos de compromisso e cravou bons ferros, o último já com o toiro completamente em tábuas. Esta acabou por ser no final eleita pelo júri como a melhor lide da corrida.

Luis Rouxinol Jr. também não teve matéria prima para conseguir atingir o patamar desejado. O primeiro era um Fernandes de Castro, feio, com pouca cara e que levou uma enorme assobiadela na saída, por parecer também limitado fisicamente. O jovem cavaleiro de Pegões teve uma atuação meritória, conseguindo alguns bons ferros e uma boa brega, mostrando ter cavalos de alto nível, no entanto acabou por alongar um pouco a lide, terminando a menos, com o toiro já a fechar-se em tábuas.

O último toiro era um Varela Crujo com boa apresentação, mas que se revelou também ele muito manso, refugiando-se em tábuas, complicando o labor do Luis Rouxinol Jr, que sofreu alguns toques em mais uma lide sem brilho, num concurso de ganadarias em que o rei da festa, o toiro bravo, que investe, não apareceu.

Nas pegas houve emoção, com alguns toiros a chegar às pegas quase inteiros e com sentido.

Pelos amadores da TT do Montijo, o cabo Márcio Chapa pegou o Santiago à 2ª tentativa, já com as ajudas um pouco carregadas, depois de na 1ª tentativa ter reunido mal e saído num derrote

Para o manso de Passanha Sobral, que se adivinhava uma verdadeira “rolha”, foi escolhido o experiente forcado Luís Carrilho. Esteve calmo no cite, com o toiro na 1ª tentativa a arrancar de largo, reunindo com a cara alta, não dando hipóteses ao forcado. Teve que desfazer depois a pega, com o toiro a não querer arrancar para o forcado e acabou por ter que entrar nos terrenos proibidos, sacou-se muito bem e encheu a cara ao toiro fazendo uma pega de muito mérito à 2ª tentativa.

Pelos forcados da Azambuja, Fábio Simões pegou o Falé Filipe à 3ª numa enorme tentativa em que aguentou uma viagem dura com o toiro a parar nos terrenos em que a pega se iniciou. O toiro tinha sentido e derrotava, deitando fora o forcado da cara nos primeiros derrotes nas duas tentativas anteriores.

O forcado Filipe Ramalho foi o escolhido para pegar o 5º toiro da corrida, da ganadaria Santa Maria. Na 1ª tentativa o toiro arrancou com muita pata e o forcado não conseguiu aguentar a investida reunindo mal. Fez uma pega vistosa à 2ª tentativa com o grupo a demorar a fechar e o forcado a viajar algum tempo sozinho na cara do toiro.

Os forcados da terra realizaram a pega da noite ao toiro Fernandes de Castro. O cabo Rodolfo Costa esteve bem com o toiro, soube mandar e reuniu bem, aguentando uma viagem longa na única pega à 1ª tentativa da noite.

A fechar a noite pelo grupo de Arruda dos Vinhos pegou o forcado João Costa à 2ª tentativa, já a sesgo, depois de várias vezes desfazer a pega, perante um manso que não queria arrancar para o forcado.

No final o júri atribuiu o prémio de melhor toiro ao lidado em 1º lugar, pertencente à ganadaria Santiago. Um prémio que poderia também ter ficado deserto, pois não se viram bons toiros nesta noite.

Esta noite faltou bravura, faltou casta, faltou transmissão, faltou nobreza. Faltou o toiro de lide!

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