“Bússola da Tauromaquia” – O Toiro português em 2022

Crónica

A cabana brava portuguesa atravessa uma fase ascendente da sua evolução, estando a oferecer aos aficionados um produto de qualidade nas nossas praças, tendo também na passada temporada sobressaido também a qualidade do toiro português além-fronteiras, de uma maneira que há muito não acontecia.

Longe vão os tempos de glória das ganadarias portuguesas em Espanha, muitas delas com triunfos sonantes nas mais importantes praças de toiros do país vizinho. Mas há esperança, a temporada 2022 pode ter constituído um grito de alerta e o começo de um ponto de viragem no toiro português lá fora. Foram muitas as Ganadarias portuguesas que atuaram além-fronteiras e que obtiveram resultados notáveis.

A 31 de julho, em Azpeitia, praça onde repetiu por méritos próprios depois do triunfo em 2019, a Ganadaria Murteira Grave lidou o “Duplo”, nº 6, que foi premiado com a volta ao ruedo, sendo quiçá o melhor toiro lidado nesta conceituada Feira Taurina.
Teve eco em Espanha e França o curro de toiros enviado a Céret pelo ganadero João Folque de Mendonça, proprietário da Ganadaria Palha, pela sua dureza e pela emoção que deram durante toda a corrida. Numa perspetiva de regularidade atingida lá fora, surge a Ganadaria Passanha Sobral, que realizou em Espanha uma temporada de elevado nível quantitativo e qualitativo, abrindo caminho para poder entrar em feiras de maior importância na Temporada 2023.

Salda-se assim como importante a presença das ganadarias portuguesas além-fronteiras, sendo motivo de destaque sempre que se apresentam no país vizinho pela qualidade dos produtos apresentados. Ainda como nota positiva na exportação de toiros bravos, nota-se a inclusão de ganadarias “duras” portuguesas em corridas de rejoneo, como foram o caso de Murteira Grave, que lidou três toiros em Zafra, em desafio ganadero com Adolfo Martin, e Veiga Teixeira, que lidou uma corrida completa em Fregenal de la Sierra.

Olhando para o que ocorreu em terras lusas foi, como já o tinha referido num anterior artigo, uma temporada francamente positiva a nível ganadero. O campo bravo português apresentou uma notável regularidade comparando com o que aconteceu em anos anteriores. Analisando a temporada 2022, são muitas as corridas que vêm à memoria e os toiros que se destacaram.

Começando por Murteira Grave e Veiga Teixeira, dois ferros conceituados e queridos pelos aficionados. Veiga Teixeira foi a ganadaria triunfadora da Feira de Abiul, onde apresentou um curro de toiros de excelente nota. Por sua vez, Murteira Grave lidou o melhor toiro da temporada em Vila Franca de Xira. “Piloto” de nome, foi lidado por Juanito na corrida do Colete Encarnado. Dr. António Silva foi talvez o ferro português que apresentou um nível artístico mais elevado, vencendo o prémio de bravura em grande parte dos concursos de ganadarias onde se anunciou.

A nível de regularidade são três as divisas merecedoras de maior destaque. Branco Núncio apresentou em 2022 um nível qualitativo elevado ao longo de toda a temporada. António Charrua lidou em praças importantes e o seu ganadero foi várias vezes premiado com a volta à arena. Como já nos tem habituado, Passanha foi também dos ferros mais regulares da temporada, não defraudando nos espetáculos em que lidou em 2022. Também merecedoras de destaque bastante positivo surgem as ganadarias Prudêncio, que elevou de forma notória o nível qualitativo comparativamente com temporadas anteriores, sendo o ganadero premiado com volta à arena em todas as corridas, sendo que numa delas em dose dupla. Vinhas, com presença fulcral em palcos de elevada importância, como o Campo Pequeno e Vila Franca de Xira, dando volta à arena em ambas e sendo um dos toiros lidado em maio na Palha Blanco por João Moura Jr. indultado, em reconhecimento pelo seu bravo comportamento.

Pontualmente, em momentos chaves na temporada, surgiram as divisas São Torcato, que apenas lidou em Montemor-o-Novo, onde obteve um importante triunfo e Dr. António Raúl Brito Paes, que lidou um curro extraordinário na Figueira da Foz, depois de ter feito também parte da temporada do Campo Pequeno. Nota positiva, a nível de “revelação”, para a importante temporada apresentada pelo ganadero Nuno Cabral, proprietário da Ganadaria Monte Cadema. Curros de nota elevada, embora alheado das praças mais importantes, premiado diversas vezes com volta ao ruedo. Também no capítulo da revelação surge Júlio Justino, na sua segunda temporada, com toiros de elevada nota.

Foi assim dado o mote para que tenhamos bastante ilusão na Temporada 2023, aguardando-se um acréscimo ainda maior de qualidade e um maior incremento da presença das ganadarias portuguesas em importantes feiras espanholas e francesas na temporada que está prestes a começar.

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