Bastinhas e Romero fizeram rejubilar o público da Azambuja

Azambuja é um povo que ama as suas terras, as suas tradições, a sua identidade. Tem orgulho no passado que os marca e no presente que vão construindo. Cresceram a ouvir os avós e pais contarem histórias orgulhosas de campinos e de toiros. O Tejo fez sempre parte integrante das suas vidas. A Bicentenária Feira de Maio, uma das mais castiça das Festas Ribatejanas, é ex-libris desta bonita vila. São dias recheados de música, convívio, amizade, de festa brava e afición, onde um dos seus pontos altos é a corrida de domingo de Feira que já se realiza desde 1903 e este ano a catita Praça de Toiros Dr.Ortigão Costa contou com uma enchente. O público aderiu e de que maneira ao cartel montado pela empresa Ovação e Palmas, ontem, domingo 28 de Maio do ano 23.

Foram lidados seis toiros da ganadaria Lampreia, variados de pelagem, os três primeiros berrendos em negro e os três ultimos negros bragados e algum meano. Quanto ao comportamento destaque maior para o sexto, toiro encastado, metendo bem a cara nos enganos, galopou e acometeu sempre solicitado com raça. Nobre foi o bonito segundo, pena ter alguns problemas de locomoção, mas raça que levou dentro não o condicionaram assim tanto durante a sua lide. O de pior comportamento foi o terceiro, mais bruto, com algumas querenças em tábuas na zona dos curros e de vez em quando fazia o papel do distraído. Encastado e a vir a mais o quarto da ordem. Os outros dois, primeiro e quinto, tiveram a virtude de virem a mais durante as suas lides e não dificultaram a vida a quem tiveram por diante.

Abriu praça Ana Batista, um referente da tauromaquia clássica que derramou pura elegância toureira pela arena de Azambuja! Cravou dois bons compridos, lidou com elegância, abrindo os caminhos ao oponente e rematou os mesmos de forma bonita. Nos curtos viu-se uma Ana a gosto, bregando, mudando os terrenos ao toiro sempre este o necessitava, citando de largo, partindo recto, cravando bons ferros e rematando por dentro. O terceiro da série foi um grande momento de toureio a cavalo, possivelmente o ferro da tarde e de muitas tardes, citou bonito, partiu recto e ao estribo cravou de alto a baixo. Olé!

João Moura Caetano foi calma e temple nesta tarde. Cravou dois compridos a abrir, com alguns protestos do público porque o toiro apresentava alguns problemas de locomoção, Caetano não se inibiu e na série dos curtos fez uma boa lide. Aproveitou as qualidades do de Lampreia, templou-lhe as acometidas ao cavalo e recriou-se na cara do toiro com bonitos momentos de toureio. Cravou e rematou bem os ferros destaque maior para o primeiro e o último, este um momento de inspiração em que o cavaleiro improvisou na cara do toiro e cravou um grande ferro por dentro.

O terceiro da tarde foi lidado por Marcos Bastinhas e a lide foi um turbilhão de acontecimentos, houve uma conexão toiro, cavaleiro e público que não deixou ninguém indiferente… Cravou dois bons compridos, citando de largo, entrando em terrenos de compromisso e rematando os mesmos de modo a limar arestas e abrir caminhos ao de Lampreia. Nos curtos o primeiro ficou descaído mas depois disso veio a explosão! Lide intensa, variada, movimentada, sem tempos mortos. Bregou e rematou as sortes com gosto, cravou bons ferros entrando em terrenos de compromisso. Para finalizar a lide um palmo em sorte de violino, mais um palmo e um par de bandarilhas, desmontou do cavalo e a praça parecia um vulcão… Público de pé, sorrisos, gargalhadas, palmas, ovações a aclamarem a lide de Marcos.

A lide de Duarte Pinto atingiu alturas de grande beleza e muita verdade! Que bem esteve o Duarte esta tarde em Azambuja, a sobriedade encaixou-se na fidelidade da pureza do toureio a cavalo. Dois compridos a abrir, destaque para o segundo de poder a poder, sucedido de um bonito remate. Nos curtos deu primazia ao toiro, cravou de poder a poder no centro da arena bandarilhas emocionantes com o toiro a vir cá acima no momento da sorte, rematando depois do ferro, levando as vibrantes acometidas do toiro pegadas ao cavalo. Destaque para o terceiro da série, verdade, poderio e emoção estiveram presentes nesta sorte.

O rejoneador Andrés Romero rubricou esta tarde uma grande lide que chegou com muita força ao público. A porta gaiola foi emocionante e bom foi o segundo comprido. Houve ladeios templados, recortes toureiros, e os ferros tiveram boa nota. O terceiro curto foi um dos grandes momentos da tarde, entrou pelo toiro dentro e de alto a baixo cravou no cimo do morrilho, público de pé. Rematou a sua lide com outros dois grandes ferros que fizeram vibrar os presentes que aplaudiram de forma entusiasta o de Huelva. Citou em curto, fez a batida e cravou ferros de belo efeito, rematando os mesmo por dentro.

Parrerita Cigano executou também ele uma boa lide, recebeu bem o toiro e cravou dois bons compridos rematando bonito e de forma ajustada. Nos curtos a lide teve uma primeira fase onde o cavaleiro cravou os ferros com solvência, executando bem as sortes e rematando as mesmas de boas maneiras. Mudou de montada e com o cavalo de ferro de Rio Frio, citou em curto e em terrenos de compromisso, o de Lampreia era bravo e não estava para muitas florituras e as sortes com batida pronunciada não resultaram tão limpas como se esperaria. Mas a passagem deste cavaleiro deixou bom sabor de boca e agradou os presentes.

Para pegarem os do Monte de Nossa Senhora três grupos de forcados, que disputavam entre si o prémio para a melhor pega da tarde. O jurado foi constituído pelos três cabos, Ribatejo, Azambuja e Arruda dos Vinhos, Decidiu o júri no fim da corrida que o prémio para a melhor pega seria entregue à terceira pega da tarde executada pelo forcado André Simões do grupo da Arruda.

Abriu a tarde pelo grupo do Ribatejo Ricardo Regueira que teve que lhe bater as palmas em três tentativas de pega. O toiro metia a cara por cima e derrotou, tirando o cara nas duas primeiras tentativas. Foram mudados os terrenos ao toiro e já com ajudas mais carregadas foi consumada a sorte. Rafael Costa fechou a prestação do seu grupo diante do quarto da tarde com uma boa pega à primeira tentativa.

Pelo grupo da terra, Azambuja, João Gonçalves fez uma das pegas da tarde, bem a citar, receber, e aguentar com o toiro a meter a cara por baixo quando sentiu o forcado.  João Branco, à segunda tentativa, na primeira o cara esteve correcto, boa primeira ajuda mas cá atrás faltaram as ajudas acabando por não se consumar a pega. Na segunda tentativa, novamente bem o cara, o grupo ajudou com eficiência em toiro que quando sentiu o grupo tentou tirar a cara.

André Simões pelo grupo da Arruda dos Vinhos à primeira tentativa, num toiro que fugiu ao grupo e forcado da cara teve alma para ficar até que o grupo chegou para ajudar. Fechou a tarde Nuno Aniceto também à primeira tentativa, numa boa sorte de caras.

Foi guardado um minuto de silêncio em memória de José Miguel Perdigão, aficionado Vilafranquense.

Dirigiu a corrida Lara Oliveira sendo o médico veterinário José Luís Cruz.

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