11.10.2018 Praça de Touros do Campo Pequeno
Última de abono – Corrida de Gala
Cavaleiros:
- António Ribeiro Telles
- Rui Salvador
- Rui Fernandes
- Francisco Palha
- Marcelo Mendes
- Miguel Moura
Grupos de Forcados Amadores de Lisboa (Cabo Sr. Pedro Maria Gomes) e
Barrete Verde de Alcochete (Cabo Sr. Marcelo Lóia)
Ganadaria Passanha
Casa cheia
Direção discreta e disciplinar do Sr. Pedro Reinhart
A praça Lisboeta registou mais uma enchente naquela que é uma das corridas mais atrativas do abono – Corrida de Encerramento de Gala à Antiga Portuguesa, com honras de transmissão televisiva.
Depois das cortesias, justa homenagem à trajetória de Maestro João Moura que recebeu uma das grandes ovações da noite no centro do ruedo.
Corrida de Passanha muito séria pela frente, honda, pesada e bonita, respeitando os cânones do que é o encaste Murube. Pena que o comportamento não tenha acompanhado o trapio, corrida na generalidade sem transmissão, pouca mobilidade e alguns acusando falta de força, sobressaindo o terceiro que tocou a Fernandes.
Abriu a noite António Telles com o touro mais sério pela frente, hondo, muito urquijo com tendência para o centro da arena.
Telles praticou o toureio frontal num touro que investia por saídas bruscas e parando-se nos médios, onde António lhe deu lide, cravando quase sempre no centro do ruedo.
Lide seria e esforçada, profissionalismo máximo, pena pouca colaboração do touro.
Martim Cosme Lopes, pelos Amadores de Lisboa concretizou uma boa pega à primeira tentativa, corrigindo a reunião, emendando-se, já na cara do touro, bem ajudada e rematada por todo o grupo e eficiente rabejador Renato Avelar.
Volta ambos.
O segundo tocou a Rui Salvador. Um touro informal, com pouca transmissão, cravou com a sua entrega e dedicação, pena que tenha deixado tocar nos quartos traseiros de dois cavalos, tendo a lide andado em plano morno.
Touro com fijeza mas pouca força e vontade de investir.
Pelos Amadores do Barrete Verde de Alcochete foi pegar o forcado Diogo Amaro.
Reúne com rijeza mas num derrote fica no pescoço, de lado, e viaja sempre fora da cara, preso apenas ao corno esquerdo e com um ajuda no seu lugar, na cara do touro, fechado na córnea, nunca se largou do corno esquerdo mas viajou fora da cara até embater nas tábuas onde finalmente substituiu o ajuda e com ajuda do restante Grupo foi recolocado na cara, considerando o grupo a pega consumada, embora com protesto de parte do público.
Volta para ambos repetindo-se os protestos do público com o forcado.
Rui Fernandes recebeu o terceiro touro à porta gaiola, saída poderosa e perigosa e ferro deixado com emoção e risco, valor do cavaleiro em esperar um touro sério e com a saída impetuosa
Lide no conceito de Rui Fernandes, batidas ao piton contrário, algumas com muita distância perdendo sítio e tempo de reunião, outras conseguidas com transmissão e muito ovacionadas.
Lide que chegou ao público sobretudo nos adornos e piruetas na cara do touro, com mais mobilidade que os anteriores, que permitiu andar ligado e chegar às bancadas.
Novamente pelos Amadores de Lisboa, Vítor Epifânio esteve muito sereno no cite e carregando o touro com as mãos na cintura, algo que infelizmente parece estar em desuso, reúne corretamente para se fechar à primeira, primeira ajuda muito eficiente e segura permitindo a entrada de todo o grupo.
Volta para ambos
O quarto sorteou Francisco Palha, um animal com muitos pés de saída e difícil de parar.
Crava-lhe um primeiro curto de risco e poder por baixo do braço e um segundo melhor ainda, aguentando e esperando o touro que vinha sem codícia.
Lide que infelizmente foi de mais a menos, o touro foi-se parando e saindo apenas com brusquidão dando lugar a algum desentendimento nas reuniões, faltando touro e permitindo alguns toques nas passagens em falso.
Francisco Palha teve bastante toreria reconhecendo as dificuldades que sentiu e que não foi a sua noite, pedindo desculpa ao público, gestos de grandeza ao alcance de poucos.
Pelo Barrete Verde de Alcochete pegou o forcado João Armando, na primeira tentativa o forcado viaja sempre solto na cara do touro, nunca se chegando a acoplar, o grupo nas tábuas fecha e coloca o forcado na cara, grupo repete, para não deixar dúvidas, na segunda não reúne novamente, consumou à terceira, com derrotes secos e problemas na reunião e acople na cara do touro.
Saudou o forcado no centro da arena, cavaleiro recusou sair aos médios.
Marcelo Mendes toureou o quinto, num touro com pouca transmissão, deixou-lhe dois compridos sem comprometer.
Desde que ligado o touro perseguia e não perdia o interesse.
Lide com ferros corretos e alguns toques e ferros passados, público generoso e cavaleiro a responder com boa vontade de fazer bem, muitos adornos e cavalo de joelhos no chão fizeram as delícias das bancadas.
Fechou a intervenção dos Amadores Lisboetas João Varanda de Carvalho, na primeira tentativa precipitou-se a carregar e a reunir, adiantando-se e não tendo conseguido ficar no touro, que saiu com velocidade e frenou na reunião, na segunda embora com uma reunião difícil, alta, é bem ajudado pelo grupo consegue consumar.
Volta para ambos
Ao último touro do abono lisboeta coube a lide de Miguel Moura, parando-o a porta gaiola
Excelente primeiro curto entrando pelo touro, faltou sempre touro nas reuniões, Miguel teve que por tudo e deixar ferros de aperto e risco chegando muito ao público, sempre encontrando touro apenas nos terrenos de compromisso e entrando-lhe por dentro.
Fechou a noite o Cabo dos Amadores do Barrete Verde de Alcochete, Marcelo Lóia, bem à primeira tentativa reunindo com segurança e ajudado de forma igual.
Volta para ambos.
O resultado foi uma noite sem um ponto alto, mas agradável no cômputo geral, o público que encheu o Campo Pequeno saiu seguramente de olhos postos na próxima temporada e Lisboa das Toiradas despediu-se, cantando A Portuguesa.
Até para o ano, se Deus Quiser.