Viana do Alentejo recebe tradicionalmente no quarto domingo do mês de setembro a tradicional corrida de toiros inserida na Feira de Nossa Senhora D’ Aires, desta feita na sua edição 2023. Uma praça completamente cheia para ver um cartel variado que juntava na mesma praça maestria e juventude.
Quanto ao espetáculo propriamente dito dos seis anunciados toiros de Calejo Pires foram lidados apenas dois, sendo os restantes três da ganadaria José Luís Cochicho e um da ganadaria Branco Núncio.
Os três exemplares de José Luís Cochicho lidados na primeira parte cumpriram em apresentação, sendo que de comportamento não convenceram. O primeiro foi reservado e sem entrega, não emprestando qualquer emoção ao espetáculo. O segundo e o terceiro tiveram fortes crenças nas tábuas, complicado a função de quem lhe esteve por diante.
Os dois de Calejo Pires foram dispares de apresentação e comportamento. O primeiro (4º da ordem) denotava algumas dificuldades de locomoção. Foi complicado, adiantava-se no momento da reunião e veio a menos, acabando rachado. O segundo com o ferro de Calejo Pires foi o melhor da ordem e fez cumprir o ditado que defende que “no hay quinto malo”. Teve disponibilidade e mobilidade durante toda a função, investindo com nobreza. Perseguiu o cavalo durante toda a lide e colaborou de boa maneira com o cavaleiro.
O sexto da ordem pertenceu à ganadaria Branco Núncio. Bem apresentado, cumpriu de boa forma de comportamento, evidenciando mobilidade.
João Moura foi o encarregue de abrir praça. Enfrentou-se com um exemplar de José Luís Cochicho que não colaborou com a função, não apresentando no entanto complicações de maior. O cavaleiro de Monforte esteve em bom plano, realizando uma lide bastante correta, deixando com acerto a ferragem da ordem, numa prestação bastante do agrado do público. O segundo do seu lote não foi fácil e obrigou o cavaleiro a porfiar para cravar a ferragem da ordem. Lide regular, sem alardes de triunfo, com o mérito de dar a volta às dificuldades impostas pelo toiro. O público esteve metido na lide que terminou com dois ferros de palmo.
António Núncio estava neste cartel por méritos próprios, tendo sido o triunfador nesta mesma praça na passada temporada. O primeiro do seu lote teve complicações, insistindo em não sair dos terrenos de tábuas. O cavaleiro deu-lhe a lide possível, deixando a ferragem da ordem com correção. Destaque para os ferros deixados a sesgo entrando nos terrenos do toiro. No seu segundo a história foi outra. Diante de um exemplar de boa nota, António Núncio esteve inspirado e realizou uma grande lide. Depois de deixar com correção a ferragem comprida, partiu para uma série de ferros curtos entrando pelo toiro dentro, com verdade, resultando as reuniões cingidas. Esteve bem a lidar o toiro, com classe e temple, agradando ao público presente. Destaca-se como positivo o terceiro ferro de excelente nota, numa reunião cingida. Triunfo de António Núncio pelo segundo ano consecutivo em Viana do Alentejo.
Francisco Maldonado Cortes é um cavaleiro praticante que merece mais oportunidades e veio a Viana provar isso mesmo. Enfrentou-se em primeiro lugar com um complicado toiro de Cochicho, com crenças em tábuas, que obrigou o cavaleiro a puxar dos galões para deixar a ferragem da ordem. Apostou em sortes a sesgo entrando pelo toiro dentro deixando com muito mérito os ferros curtos. O segundo e terceiro da função foram de excelente nota. O quinto, à passagem por dentro, chegou com força às bancadas. No último da corrida enfrentou-se com um astado mais cooperante e realizou uma boa lide. Deixou com correção a ferragem e lidou bem o toiro, provando que tem condições para vingar neste mundo, assim lhe sejam dadas mais oportunidades.
No capítulo das jaquetas de ramagens estiveram em praça os dois Grupos de Forcados do concelho de Évora: Évora e São Manços.
Pelos Amadores de Évora abriu praça José Miguel Pinheiro que concretizou uma pega correta ao primeiro intento. Francisco Valverde contou com boa ajuda do grupo e concretizou uma boa pega ao primeiro intento ao terceiro toiro da tarde. Francisco Cabeçana fechou a atuação dos Amadores de Évora com uma rija pega ao segundo intento, suportando uma enormidade de derrotes.
Pelos Amadores de São Manços abriu praça João Nuno que concretizou ao terceiro intento, suportando imensos derrotes, a pega ao segundo da ordem. Diogo Coutinho tentou por três vezes pegar o quarto da ordem, mas saiu lesionado depois de alguns violentos derrotes nas três iniciais tentativas. Manuel Trindade na dobra concretizou ao seu primeiro intento. Fechou a corrida Alexandre Rocha com uma pega correta ao segundo intento.
A corrida foi dirigida por Maria Florindo, assessorada pela médico-veterinária Dra. Ana Gomes.
