No dia mais taurino do ano, a praça padre Serralheiro na castiça vila de Messejana recebeu mais uma corrida de toiros, integrada nas festas de Santa Maria.
As bancadas encontravam-se lotadas(com pessoas de pé e sentadas nos muros circundantes), reflexo da excelente organização levada a cabo pela misericórdia local, com a intervenção directa de Rui Palma, que uma vez mais mostrou toda a seriedade que o caracteriza, quando as coisas são bem pensadas e bem organizadas, só podem resultar em sucesso.
A expectativa era alta, três distintos tipos de toureio, uma ganadaria exigente que vem arrecadando prémios, corrida após corrida e dois grupos de forcados com forte expressão na região, eram motivos mais do que suficientes para uma boa noite de toiros.
O cartel era composto por:
Luís Rouxinol
Vítor Ribeiro
Filipe Gonçalves
Grupos de forcados amadores de:
Cascais
Beja
Ganadaria:
Fernandes de Castro
Antes das cortesias e como vem sendo hábito, realizou-se uma procissão muito emotiva com os intervenientes do cartel, que embelezou sobremaneira através do recurso a velas o tauródromo alentejano.
Abriu a noite Luis Rouxinol, pela frente o maior da noite com 580kg, toiro que cumpriu mostrando sempre seriedade nas sortes.
Nos compridos esteve bem, mas nos curtos esteve melhor, deu tudo de si para conseguir uma boa lide e conseguiu, cravou um excelente ferro a entrar nos terrenos do toiro, rodando por dentro após a cravagem, mas o ferro não ficou e foi pena, terminou com um excelente par de bandarilhas, com o toiro a investir alto no “embroque”, dando mais verdade e expectacularidade à sorte.
A abrir a noite de pegas Ventura Doroteia, forcado experiente e de grande qualidade, que esta noite não esteve nos seus dias.
Pedia-se técnica neste toiro, na primeira tentativa o toiro saiu solto com a cara pelo alto e o forcado não se soube “sacar” de forma a permitir uma reunião mais suave, sendo imediatamente desfeiteado, na segunda tentativa pedia-se mudança de terrenos, o toiro tardava em sair e quando saiu mostrou o mesmo comportamento, saiu novamente solto a ensarilhar e a meter a cara alta, resultando numa reunião dura e difícil de aguentar, na terceira e bem o toiro foi colocado noutros terrenos, já com o grupo em curto e com o toiro a ser mais franco, concretiza bem ajudado.
Para o segundo da noite Vítor Ribeiro, pela frente um bom toiro com 540kg, que permitiu uma grande lide, depois de ter estado bem nos compridos, iniciou a série de curtos dando primazia à brega, sempre muito ligado com o oponente, foi ao terceiro curto que “partiu a louça”, em curto com o toiro, entra nos seus terrenos e crava com muita verdade levantando a praça, excelente lide.
A abrir pelos amadores de Beja, Francisco Patanita, muito sereno no cite, fez tudo bem, mandou na investida, aguentou bem como se pretendia e reuniu superiormente, concretizando à primeira tentativa com o grupo a ajudar.
Para o terceiro Filipe Gonçalves, por diante o toiro sobrero com 500kg, em virtude da inferioridade física do toiro que lhe saiu em sorte, de registar que nos instantes anteriores a ser recolhido, não aparentava já a lesão, que levou o director a tomar essa decisão.
Este toiro sobrero mostrou-se cumpridor, permitindo uma boa lide ao cavaleiro do Algarve, bem nos compridos, mas foi nos curtos que se agigantou, um grande terceiro ferro curto, terminou com um par de bandarilhas de bom nível, boa lide fechando da melhor forma a primeira parte da corrida.
Para a pega os amadores de Cascais por intermédio de João Galamba, à primeira tentativa o forcado precipitou-se e quis fazer tudo muito depressa, não mandou no toiro, não aguentou e fez com que saísse infrutífera a concretização da pega, à segunda tentativa consentiu a investida, aguentou e efectiva assim sem dificuldades com o grupo a ajudar.
A abrir a segunda parte Luís Rouxinol, perante um toiro com 530kg que mostrou qualidade no início da lide, mas que depois veio a menos, “tapando-se” no momento da reunião, esteve correcto nos compridos, nos curtos esteve bem, resultando numa lide agradável sem contudo romper para o triunfo.
Para a pega e pelos amadores de Beja Mauro Lança, esteve correcto no cite mandando na investida, mas ao recuar tropeçou com o toiro a procurá-lo antes de cair, com muito crer ficou na cara, com o toiro a fugir ao grupo mas este a recuperar bem, pega à primeira tentativa.
Para o quinto da noite com 510kg cumpridor, contudo uns furos abaixo dos seus irmãos de camada, novamente Vítor Ribeiro.
Correcto nos compridos, nos curtos ficou-nos na retina um bom ferro “violino”, terminando com um ferro de “palmo”. No cômputo geral, uma boa passagem por Messejana.
Para a pega Carlos Dias vestindo a jaqueta dos amadores de Cascais, concretizou à primeira tentativa a pega da noite, bem no cite provocou a investida do toiro, este sai com pata o forcado recebe bem e depois aguenta fortes derrotes até o grupo fechar, excelente pega que lhe permitiu dar duas voltas à praça a pedido do público.
Para fechar a noite Filipe Gonçalves, pela frente um toiro com 550kg, também ele cumpridor, esteve correcto nos compridos, nos curtos esteve melhor na preparação das sortes do que propriamente na cravagem dos ferros, talvez por isso nunca tenha conseguido romper.
Para a última pega da noite Guilherme Santos, o toiro saiu solto e no momento da reunião humilhou bastante, o forcado consegue compor-se com muita vontade, o grupo ajudou e pega concretizada à primeira tentativa.
Antes de terminar, uma nota ao bom curro de Fernandes de Castro: bem apresentados, codiciosos, foram o ingrediente principal para uma boa noite de toiros, em Messejana deram continuidade ao excelente momento da ganadaria.
Estava em disputa um prémio para a melhor lide e outro para o melhor grupo em praça, o juri era composto por Nelson Lampreia, Solange Pinto e um representante da Misericórdia de Messejana, quanto à lide aceita-se a atribuição em “ex aequo” a Vítor Ribeiro e a Filipe Gonçalves, mas quanto a nós se o prémio fosse atribuído a Vitor Ribeiro, talvez tivesse havido mais unanimidade nas bancadas.
O prémio de melhor grupo em praça foi atribuído justamente aos amadores de Beja, pela consumação de todas as pegas ao primeiro intento.
Dirigiu a corrida sempre muito correcto o Sr. Agostinho Borges, assessorado pelo veterinário Dr. Matias Guilherme, a abrilhantar a corrida a banda filarmónica de Aljustrel.
