A galhardia e a raça de sete de sete pegas à primeira

O Alentejo, mais propriamente Reguengos de Monsaraz, deu-nos ontem, sábado 11 de Março, um daqueles dias que tornam o Inverno agradável. O sol a reinar alto para aquecer o suficiente, quase ausente o vento sem ondas de calor ou calafrios… O ideal para se ver uma tarde de toiros.
O público preencheu cerca de meia casa da Mestre Batista e quem lá foi viu coisas interessantes.
Mas ao finalizar cada lide a cavalo saltaram as tábuas e bataram com galhardia as palmas aos Herculano sete miúdos que carregaram nas suas mentes a ilusão de ser moços de forcados. E que bem que estiveram! Que bem mostraram esta coisa tão nossa que é a sorte da pega. Foram eles sem dúvida uns dos grandes protagonistas desta tarde de Reguengos.
Dos campos da Amareleja viajaram sete toiros da ganadaria Silva Herculano, pequenos de esqueleto, compostos de cara. Todos eles tiveram mobilidade, nobreza, cumprindo de um modo geral. Destaque maior para o bravo quinto toiro, com o Nº1 marcado, de nome Varito, lidado por António Prates, que foi escolhido para voltar ao campo e ser semental. Toiro sempre pronto a arrancar-se de todos os terrenos com vibração e bravura.
Filipe Gonçalves o mais antigo do cartel desenhou uma boa lide ao que abriu praça. Bem a cravar os compridos, abriu caminhos ao toiro, tentando tirar algumas querenças em tábuas ao de Herculano. Toureiro foi o ladeio com que iniciou a série de bandarilhas, cravando ferros de boa nota, destaque para o segundo citando em curto, entrando pelo toiro dentro, deixando a farpa no alto do morrilho. Empolgante final de lide, com um violino, um palmo e outro palmo de excelente nota, precedido de uma bonita preparação, nos remates as piruetas na cara do oponente foram as escolhidas pelo cavaleiro do Algarve.
Manuel Ribeiro Telles, que veio substituir Marcos Bastinhas ainda em convalescença de uma cirurgia recente, teve uma passagem positiva em terras de Reguengos. De grande nota foi o segundo comprido. O da Torrinha  foi senhor de uma boa brega nos curtos, cravando com a graça que lhe é conhecida. Finalizou a lide com um dos ferros da tarde, a entrar de frente, cravando ao estribo e rematando bonito,  um ferro à Manel.
João Moura Jr. foi autor de uma boa lide! Cravou dois compridos de nota alta, na ferragem curta aproveitou a mobilidade do oponente e empolgou as bancadas! Os ladeios toureiros tiveram a marca da casa, cravou com decisão, citando de largo, partido recto para o oponente deixando os ferros com raça e graça toureira. Grande foi o segundo da série, esperando no momento do ferro pelo toiro e cravando de alto a baixo. Rematou as sortes em curto, dobrando-se com o oponente deixando-o quase tocar a rabada do cavalo, seguindo-se os desplantes toureiros na cara do Herculano.
David Gomes, teve uma boa actuação por terras Alentejanas, cravou dois compridos, bregando com eficiência. Foi senhor de uma boa brega nas bandarilhas, de nota foi o primeiro curto, empolgante o terceiro rematando o mesmo com garbo. Finalizou a lide com um violino de boa nota e uma bom par a duas mãos que entusiasmou os presentes que não lhe regatearam os aplausos.
António Prates, recebeu o seu oponente de forma exuberante, levando o toiro embebido na montada, templando-lhe as acometidas iniciais, cravando  dois bons compridos em sortes bem desenhadas. Nos curtos a lide foi intermitente, algumas passagens em falso na fase inicial, depois já com mais acerto a cravar vieram dois ferros de boa nota entrando pelo toiro dentro, em que o público acarinhou o cavaleiro de Vendas Novas. Finalizou a lide com ferro em que o toque que levou não desmereceu a vontade do António. Foi-lhe concedida a volta pelo director de corrida ao finalizar a lide mas o cavaleiro de forma toureira não a aceitou.
António Núncio também teve uma passagem intermitente pela José Mestre Batista. Bonita foi a preparação para a cravagem do primeiro comprido, pena que tivesse ficado descaído, emendou a mão e o seguinte foi deixado de forma correcta no morrilho do oponente. A série de curtos não começou da melhor maneira… Passou em falso, tendo depois levado um violento toque. Mudou de montada, e o tom da actuação veio a mais, cravando dois ferros com eficiência no toiro. Também lhe foi concedida volta pelo director de corrida, tendo o cavaleiro recusado dar a mesma mostrando que a sua actuação não o tinha satisfeito.
Fechou a tarde no que a lides a cavalo diz respeito a Tristão Telles Queiroz, sendo o mais novo da Torrinha autor de uma agradável lide para finalizar este Festival taurino a favor da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos. Cravou os compridos com desenvoltura, bregando de forma correcta, abrindo os caminhos ao oponente. Nos curtos o Tristão mostrou raça e querer e conseguiu “levar o barco a bom porto”. Lidou com graça, cravou com eficiência, mostrando a sua intuição toureira, chegando com facilidade aos presentes que não lhe regatearam as palmas. De grande nota foi o quarto curto e o com que fechou a sua lide.
Grande tarde de pegas! Sete toiros, sete tentativas da sorte de caras!
Rapaziada nova a querer mostrar o valor e a raça que levam dentro e a fazer quase tudo bem feito. Bem a citar, a recuar e a receber, fechando os grupos de forma eficiente. O toiro que fechou o festival foi pegado pelos três grupos convidados pela empresa Toiros e Tauromaquia para este espectáculo.
Pelo grupo de Coruche foram caras, Martin Tomaz, David Canejo e Bernardo Cortez.
Foram cara pelo Real de Moura, Vasco Garcia e João Infante.
Pelo grupo de Monsaraz bateram as palmas aos Herculano, João Tiago e David Ramalho.
Dirigiu a corrida Agostinho Borges e foi veterinária Ana Gomes.

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