Ontem Évora foi aos toiros e esgotou os lugares disponíveis pela DGS para assistir à primeira corrida da temporada deste tão atípico ano de 2020 para as nossas vidas. Évora é uma espécie de cidade-museu em plena planície Alentejana. Andar pelas ruas estreitas e pacatas da cidade é como fazer uma viagem no tempo. A cada esquina encontra um motivo diferente para se surpreender. Em dia de toiros todos os caminhos vão dar à sua praça, a procura de bilhetes na última semana foi alucinante, filas e mais filas na bilheteira para tentar arranjar um dos bens mais preciosos dos últimos dias na cidade museu, uma entrada para a corrida.
De Galeana vieram seis toiros da ganadaria Murteira Grave, bem apresentados, bonitos com destaque para uma pintura de toiro bravo saído em terceiro lugar, de nome La Querência que voltou à terra que o viu nascer para ser pai dos futuros Grave. O ganadero neste toiro foi chamado à praça. O primeiro teve mobilidade, mas nunca se empregou de verdade na lide, andou a “su aire”. O segundo foi distraído e teve pouca classe tanto nas acometidas aos cavalos como nas investidas a capotes e forcados. O terceiro, foi bravo, nobre, repetidor nas investidas, teve tranco e metia a cara de maravilha. O quarto foi um toiro nobre, com codicia e enclassadas investidas. O quinto veio de mais a menos, enquanto durou foi um bom toiro. O sexto foi encastado e a pedir tudo bem feito.
Manuel Ribeiro Telles não andou fino de mão na hora de cravar e a inspiração também não abundou nesta passagem por Évora. Duas lides de menos a mais mas sem nunca atingir altos voos. No segundo toiro mais a gosto ainda se pode ver alguma coisa do toureio que lhe corre nas veias, cravando um bom curto como mandam as regras e como só ele sabe fazer.
Marcos Bastinhas foi o triunfador da corrida! O idílio de Évora e Graves com esta família toureira vem de longa data. O seu pai aqui tirou a alternativa e triunfou vezes sem conta, Graves e Joaquim Bastinhas foram mais de 100 lides por essas praças do mundo. Ontem foi bonito ver o seu filho triunfar na arena de Évora com Graves! As lides rapidamente chegaram ao público, ferros de praça a praça a dar vantagens aos toiros, cravados com verdade e emoção foram o prato principal das suas duas actuações, bons momentos na brega rematando as mesmas com bons pares de bandarilhas.
A Miguel Moura tocou na hora do sorteio o melhor lote da corrida. Foi mais explosivo na abordagem da lide do seu primeiro, abrindo com uma bonita sorte de gaiola, entrou pelos terrenos do toiro, cravando alguns bons ferros, bonita brega, entusiasmando o respeitável que o aplaudiu mas faltou mais acoplamento para o triunfo que o toiro que tinha por diante pedia. No segundo teve uma lide certinha, com ferros bem colocados mas onde faltou sal e mais algum tempero para aproveitar um toiro de triunfo gordo.
Nas pegas a tarde não foi redonda… algumas falhas por parte dos ajudas e os forcados da cara também não tiveram o brilhantismo de outros dias.
Pelos Amadores de Évora abriu praça António Torres Alves que à segunda tentativa fez uma boa pega enchendo a cara ao toiro, na primeira tentativa com uma entrada dura o Grave tirou o cara e a pega não se concretizou. José Maria Caeiro, à primeira numa pega eficiente, com o grupo a ajudar bem e a fechar. Rui Bento à segunda tentativa numa boa pega.
Pelo Aposento da Moita abriu a tarde Martin Cosme numa pega dura à primeira tentativa. Diogo Gromicho, na primeira tentativa enfrentou a dureza do toiro no momento da reunião, saindo maltratado, foi dobrado por Fábio Matos que à primeira tentativa realizou uma grande pega com o grupo a ajudar de forma coesa. João Ventura, foi duas vezes à cara do que fechou praça e na segunda tentativa foi dobrado pelo cabo Leonardo Mathias que por mais duas vezes lhe teve que bater as palmas.
Dirigiu a corrida Agostinho Borge, assessorado pelo médico veterinário Feliciano Reis.