Domingo de Páscoa é em São Manços

 

Cavaleiros:

Francisco Palha

Luís Rouxinol Jr

António Prates (Praticante)

 

Ganadarias:

Palha

Veiga Teixeira

Fernandes de Castro

Passanha

Herdade Pégoras

Canas de Vigouroux

 

Forcados:

São Manços

Real de Moura

Beja

 

Realizou-se na castiça Vila de São Manços mais um imponente concurso de ganadarias, onde figuravam algumas das mais exigentes da tauromaquia nacional, estavam em disputa o prémio bravura e apresentação, o júri foi composto por: Miguel Ortega Cláudio, Bernardo Patinhas e Pedro Guerreiro.

A expectativa era grande, a empresa mais uma vez entendeu dar lugar de destaque ao rei da festa, sempre que as coisas são levadas a cabo com seriedade, responsabilidade e verdade, o público responde à chamada, neste domingo de Páscoa, a praça José Jacinto Branco foi preenchida com 3/4 da sua lotação.

Os toiros não se apresentaram com excesso de peso, como muitas vezes acontece em concursos similares, mas todos eles com boa apresentação e trapio para uma corrida desta importância, excepção feita ao toiro de Fernandes de Castro, um pouco escorrido de carnes e um pouco inferiorizado fisicamente quanto a nós.

O grande triunfador da passada temporada, teve a responsabilidade de abrir a corrida com um exemplar Canas de Vigouroux, toiro que pesou na balança 530kg, foi cumpridor sem no entanto romper, faltou casta, talvez por isso Francisco Palha não teve uma resposta mais efusiva do público, boa lide, sempre muito ligada ao oponente, bem na preparação das sortes e melhor ainda no remate das mesmas, ainda assim ficámos com a sensação que podia ter estado em plano superior.

Para o segundo um jovem que é já uma confirmação, Luís Rouxinol Jr. Pela frente teve um Pégoras de 530kg, toiro manso encastado e sério, nas reuniões empregava-se, fazendo com que estas resultassem altas e impetuosas. O toiro saiu dos curros com pata, apertando o cavaleiro contra as tábuas, passado o susto inicial, este arrancou para três ferros compridos de muito boa nota, chegando facilmente às bancadas, nos curtos manteve a nota alta, cravando bons ferros e alguns deles em terrenos de compromisso, terminou a lide com um bom “palmito”.

Para fechar a primeira parte, o ainda praticante António Prates, saiu-lhe em sorte o tal fora de tipo da corrida, um Fernandes de Castro com 530kg. Toiro alto e comprido, com pouca cara, pouco rematado, mostrou-se cumpridor e colaborante. O cavaleiro mais novo em praça, realizou uma boa lide, onde retirou do toiro o que este podia dar, preparou bem as sortes, cravou alguns ferros de qualidade ao piton contrário, alternando com outros mais regulares, sendo que o ultimo foi rematado com uma vistosa e muito aplaudida pirueta.

Para a sua segunda lide, novamente em praça Francisco Palha, desta vez com a tarefa de lidar um bem apresentado Veiga Teixeira de 550kg, toiro que se revelou colaborante mas que procurou tábuas sempre que possível, viria a arrecadar os dois prémios em disputa, se o de apresentação foi bem entregue premiando o seu trapio, o de bravura foi muito duvidoso. Após deixar com boa nota a ferragem comprida, nos curtos teve que entrar em terrenos de compromisso para concretizar as sortes, com o tremendismo que lhe é habitual, arriscou e daí resultaram alguns dos melhores momentos da tarde. Se o cavaleiro tivesse dado outro tipo de lide ao toiro, tendo procurado um toureio mais em curto e ligado, talvez o toiro pudesse ter sido mais potenciado, fica a dúvida.

Luís Rouxinol Jr. respondeu a Palha e não quis bandarilheiros na arena para receber o mais pesado da corrida, 580kg de peso, o toiro mostrou codícia, voluntarismo, nobreza e alguns apontamentos de bravura muito em tipo da ganadaria, faltando contudo alguma raça, o melhor até ao momento. O jovem cavaleiro cedo fez antever para o que vinha numa emotiva sorte de gaiola, com o toiro a persegui-lo durante várias voltas à arena, meteu a praça de pé. Bem nos compridos, nos curtos andou sempre muito ligado e a lidar em curto, excelente na brega cravando ferros muito aplaudidos, destacou-se um bom “palmito”, sem antes de ir embora terminar com outro a pedido do público.

A fechar a corrida António Prates, por diante um palha bem rematado com 520kg, revelou bons apontamentos, foi muito cumpridor, foi nobre e sério. Regular nos compridos, foi no quinto curto numa sorte ao piton contrário que teve o ponto alto da sua lide, consentiu entretanto um forte toque na montada, retirando algum brilho à sua prestação que vinha sendo em bom plano, terminou com dois ferros de palmo, ficou no entanto a sensação que o seu oponente permitia mais.

No capítulo das pegas, três grupos em competição.

Abriu o grupo da casa através de Rui Pelado, sereno no cite, o toiro sai com o forcado a carregá-lo a meio da viagem, contudo a reunião resultou bem, o grupo ajudou e pega consumada.

Para o segundo da tarde o Real de Moura confiou a Rui Branquinho a sua primeira intervenção, o forcado não mandou na investida e o toiro sai solto, reúne mal e é desfeiteado, na segunda tentativa o toiro mete um piton e o forcado não consegue ficar na cara, pedia-se mudança de terrenos e o cabo Valter Rico também assim o entendeu, já com o primeiro ajuda a carregar, volta a não conseguir reunir na perfeição e saiem ambos antes dos segundas ajudas entrarem, na quarta e ultima tentativa já em sorte sesgada pega consumada.

Para o terceiro da corrida Nuno Vitória, vestindo a jaqueta dos amadores de Beja, com o grupo a dar todas as vantagens o forcado cita de forma serena, manda na investida, mas no momento da reunião o toiro pára-se e o forcado adianta-se, não tendo tido calma suficiente para aguentar e pôr o toiro com ele, é derrotado de forma aparatosa, na segunda tentativa com o grupo novamente a dar todas as vantagens, o toiro tardo de investida obrigou o forcado a entrar nos seus terrenos, sem conseguir sacar-se aguenta um derrote violento, com o grupo a ajudar bem.

Para o segundo dos amadores de São Manços Jorge Valadas, o toiro sai com pata, com o forcado a “empranchar-se” na reunião, chega a estar fora da cara, mas com muita vontade e braços de ferro, reentra sozinho e com o grupo a ajudar bem, concretiza uma grande pega. Deu volta e sob forte petição do público volta ao centro da arena para agradecer.

Para o quinto da tarde e ultimo do Real de Moura com o grupo a dar vantagens Cláudio Pereira, após mudança de terrenos, o toiro que até então tardava investir, sai para uma reunião perfeita com o grupo a ajudar bem.

A fechar a corrida e pelos amadores de Beja Guilherme Santos, o forcado iniciou o cite de trás com o grupo a dar todas as vantagens, mandou na investida, carregou a sorte e o toiro sai com pata para uma boa reunião, excelente ajuda de João Graça e o grupo fecha bem junto a tábuas. Boa pega.

Como dissemos no inicio, estavam em disputa os prémios de apresentação e de bravura, ganhos ambos pelo toiro Veiga Teixeira, se o de apresentação foi bem entregue, o de bravura é muito questionável e pela reacção da praça não somos os únicos com esta opinião. Quanto a nós o toiro Passanha foi o que mais pontos somou nos critérios de bravura, sendo que o toiro Palha também deixou boas notas, não assentando mal, se em si também recaísse esta escolha.

Dirigiu correctamente o Sr. Agostinho Borges, assessorado pelo Dr. Matias Guilherme e abrilhantou a corrida, a banda Filarmónica de Nossa Sra. de Machede.

 

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